tag:blogger.com,1999:blog-441913771117133734.post124574267207876999..comments2023-10-30T09:07:29.328+00:00Comments on Fly Fly Fly: I'm A Fool To Want YouFlyhttp://www.blogger.com/profile/03387103474365100600noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-441913771117133734.post-11584549389647528992011-04-17T15:21:51.005+01:002011-04-17T15:21:51.005+01:00(...)
Se portanto chegares tu primeiro porventura
...(...)<br /><i>Se portanto chegares tu primeiro porventura<br />alguma vez daqui a alguns anos junto de califórnia vinte e um<br />que não te admires se olhares e me não vires<br />Estarei longe talvez tenha envelhecido<br />Terei até talvez mesmo morrido<br />Não te deixes ficar sequer à minha espera<br />não telefones não marques o número<br />ele terá mudado a casa será outra<br />Nada penses ou faças vai-te embora<br />tu serás nessa altura jovem como agora<br />tu serás sempre a mesma fresca jovem pura<br />que alaga de luz todos os olhos<br />que exibe o sossego dos antigos templos<br />e que resiste ao tempo como a pedra<br />que vê passar os dias um por um<br />que contempla a sucessão de escuridão e luz<br />e assiste ao assalto pelo sol<br />daquele poder que pertencia à lua</i><br /><br />- Muriel, Ruy Belo -<br />...............................<br />Um dos meus poemas preferidos dele...White Flowernoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-441913771117133734.post-75491582373518171632011-04-17T15:18:52.910+01:002011-04-17T15:18:52.910+01:00Às vezes se te lembras procurava-te
retinha-te esg...<i>Às vezes se te lembras procurava-te<br />retinha-te esgotava-te e se te não perdia<br />era só por haver-te já perdido ao encontrar-te<br />Nada no fundo tinha que dizer-te<br />e para ver-te verdadeiramente<br />e na tua visão me comprazer<br />indispensável era evitar ter-te<br />Era tudo tão simples quando te esperava<br />tão disponível como então eu estava<br />Mas hoje há os papéis há as voltas dar<br />há gente à minha volta há a gravata<br />Misturei muitas coisas com a tua imagem<br />Tu és a mesma mas nem imaginas<br />como mudou aquele que te esperava<br />Tu sabes como era se soubesses como é<br />Numa vida tão curta mudei tanto<br />que é com certo espanto que no espelho da manhã<br />distraído diviso a cara que me resta<br />depois de tudo quanto o tempo me levou<br />Eu tinha uma cidade tinha o nome de madrid<br />havia as ruas as pessoas o anonimato<br />os bares os cinemas os museus<br />um dia vi-te e desde então madrid<br />se porventura tem ainda para mim sentido<br />é ser solidão que te rodeia a ti<br />Mas o preço que pago por te ter<br />é ter-te apenas quanto poder ver-te<br />e ao ver-te saber que vou deixar de ver-te<br />Sou muito pobre tenho só por mim<br />no meio destas ruas e do pão e dos jornais<br />este sol de Janeiro e alguns amigos mais<br />Mesmo agora te vejo e mesmo ao ver-te não te vejo<br />pois sei que dentro em pouco deixarei de ver-te<br />Eu aprendi a ver a minha infância<br />vim a saber mais tarde a importância desse verbo para os gregos<br />e penso que se bach hoje nascesse<br />em vez de ter composto aquele prelúdio e fuga em ré maior<br />que esta mesma tarde num concerto ouvi<br />teria concebido aqueles sweet hunters<br />que esta noite vi no cinema rosales<br />Vejo-te agora vi-te ontem e anteontem<br />E penso que se nunca a bem dizer te vejo<br />se fosse além de ver-te sem remédio te perdia<br />Mas eu dizia que te via aqui e acolá<br />e quando te não via dependia<br />do momento marcado para ver-te<br />Eu chegava primeiro e tinha de esperar-te<br />e antes de chegares já lá estavas<br />naquele preciso sítio combinado<br />onde sempre chegavas sempre tarde<br />ainda que antes mesmo de chegares lá estivesses<br />se ausente mais presente pela expectativa<br />por isso mais te via do que ao ter-te à minha frente<br />Mas sabia e sei que um dia não virás<br />que até duvidarei se tu estiveste onde estiveste<br />ou até se exististe ou se eu mesmo existi<br />pois na dúvida tenho a única certeza<br />Terá mesmo existido o sítio onde estivemos?<br />Aquela hora certa aquele lugar?<br />À força de o pensar penso que não<br />Na melhor das hipóteses estou longe<br />qualquer de nós terá talvez morrido<br />No fundo quem nos visse àquela hora<br />à saída do metro de serrano<br />sensivelmente em frente daquele bar<br />poderia pensar que éramos reais<br />pontos materiais de referência<br />como as árvores ou os candeeiros<br />Talvez pensasse que naqueles encontro<br />sem que talvez no fundo procurássemos<br />o encontro profundo com nós mesmos<br />haveria entre nós um verdadeiro encontro<br />como o que apenas temos nos encontros<br />que vemos entre os outros onde só afinal somos felizes<br />Isso era por exemplo o que me acontecia<br />quando há anos nas manhãs de roma<br />entre os pinheiros ainda indecisos<br />do meu perdido parque de villa borghese<br />eu via essa mulher e esse homem<br />que naqueles encontros pontuais<br />Decerto não seriam tão felizes como neles eu<br />pois a felicidade para nós possível<br />é sempre a que sonhamos que há nos outros<br />Até que certo dia não sei bem<br />Ou não passei por lá ou eles não foram<br />nunca mais foram nunca mais passei por lá<br />Passamos como tudo sem remédio passa<br />e um dia decerto mesmo duvidamos<br />dia não tão distante como nós pensamos<br />se estivemos ali se madrid existiu</i><br /><br />(...)White Flowernoreply@blogger.com