Eu que sou feio, sólido, leal, A ti, que és bela, frágil, assustada, Quero estimar-te, sempre, recatada Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa de um café devasso, Ao avistar-te, há pouco fraca e loura, Nesta babel tão velha e corruptora, Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorrestes um miserável, Eu, que bebia cálices de absinto, Mandei ir a garrafa, porque sinto Que me tornas prestante, bom, sudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais; E pus me a olhar, vexado e suspirando, O teu corpo que pulsa, alegre e brando, Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada; E invejava, - talvez que não o suspeites! - Esse vestido simples, sem enfeites, Nessa cintura tenra, imaculada. ... Soberbo dia! Impunha-me respeito A limpidez do teu semblante grego; E uma família, um ninho de sossego, Desejava beijar o teu peito.
Com elegância e sem ostentação, Atravessavas branca, esbelta e fina, Uma chusma de padres de batina, E de altos funcionários da nação.
«Mas se a atropela o povo turbulento! Se fosse, por acaso, ali pisada!» De repente, parastes embaraçada Ao pé de um numeroso ajuntamento,
E eu, que urdia estes frágeis esbocetos, Julguei ver, com a vista de poeta, Uma pombinha tímida e quieta Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então que eu, homem varonil, Quis dedicar-te a minha pobre vida, A ti, que és ténue, dócil, recolhida, Eu, que sou hábil, prático, viril
1. If "something" happens to this blog, you will have news and instructions in my previous blog: http://myflyaway.blogspot.com/
2. At any time it may be necessary to make this blog "private" and, if that happens, only people whom I invite will have access to it. To make this possible, I need that you send me your email address to: osmeuscds@hotmail.com
The materials on this blog are for promotional use only (such as reviews and/or preview before actual purchase), and should be deleted after 24 hours of the initial download of the files. In no way, shape or form is this used for profit or any source of monetary gain. No actual files are hosted on this site. If you wish for your material to be removed, please contact me (Fly: osmeuscds@hotmail.com) and it will be removed from the blog immediately, with or without a link you designated for the material to be previewed by the consumers. If you are a consumer and enjoy the material that you have downloaded, please support the artist by purchasing the CDs.
Utilities to Decompress and Correct the Archives
If you have errors with downloaded archives RAR, use this software: RarRepairTool (XP & Vista) or AdvancedRarRepair (XP) /It uses advanced technologies to scan the corrupt or damaged archives and recover your files in them as much as possible, so to minimize the loss in file corruption./Utilitie to decompress: WR32Bits (PT-PT) / WR64Bits (PT-PT)
1 comment:
Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, sudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
...
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, parastes embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,
E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril
- Cesário Verde -
Post a Comment